Blogger dedicado a publicações de assuntos relacionados a história e temas abordado no dia a dia na nossa aula de história com Prof º Mauro Torres, no Leopoldo Santana.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Atentado ao Gasômetro: O caso Para-SAR
Atentado ao Gasômetro: O caso Para-SAR
Caso Para-Sar, também conhecido como Atentado ao Gasômetro, diz respeito a um plano terrorista de extrema-direita arquitetado em 1968 pelo brigadeiro João Paulo Burnier para desacreditar e reprimir os oposicionistas ao regime militar que então governava o Brasil. Consistia em empregar o esquadrão de resgate Para-Sar na detonação de explosivos em diversas vias públicas do Rio de Janeiro, atentados esses com potencial para provocar milhares de mortes e que seriam atribuídos a movimentos de esquerda. Na fase secundária da missão, o clima de caos proporcionado pelas tragédias seria usado para encobrir o sequestro e assassinato de quarenta figurões da política brasileira, entre eles Carlos Lacerda, Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek.
O plano acabou abortado após a denúncia do oficial do Para-Sar Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, que se recusou a cumprir as ordens de Burnier e levou o caso a seus superiores. Na sindicância resultante aberta pelo brigadeiro Itamar Rocha, 37 testemunhas comprovam a acusação. Burnier, no entanto, negou ter planejado o crime, sendo absolvido após o processo chegar aos gabinentes do ministério da Aeronáutica e da presidência da República. Itamar e Sérgio, por sua vez, acabaram afastados dos quadros da Aeronáutica.
O plano
Na reunião, realizada no dia 12 de junho de 1968, Sérgio é exposto ao plano de uma operação de bandeira falsa, que pretendia barrar em definitivo o avanço do comunismo no Brasil através da realização de atos terroristas que seriam atribuídos a grupos de esquerda. De acordo com ele, o esquema previa várias missões no Rio de Janeiro, e seria implementado de forma gradativa. Primeiro, detonações de explosivos na porta do Sears, do Citibank e da embaixada dos Estados Unidos, com pequeno número de mortes. O clímax do processo viria pouco depois, com a explosão simultânea doGasômetro de São Cristóvão e da Represa de Ribeirão das Lajes, comandadas por controle remoto. A intenção de explodir a represa era simplesmente deixar a população sem água. Já no ataque ao gasômetro, o objetivo era atingir o maior número de vítimas possível – o atentado deveria ser realizado às 18:00, horário de mais movimento no entorno do reservatório. A confusão resultante seria usada então para acobertar o sequestro eassassinato de quarenta personalidades. Cinco nomes já haviam sido selecionados: Carlos Lacerda, Jânio Quadros, Juscelino Kubitschek, Dom Hélder Câmara e o general Olympio Mourão Filho. Os outros seriam anunciados verbalmente, de cinco em cinco.
O método de assassinato – que no futuro seria amplamente empregado pelo regime ditatorial argentino e pela Operação Condor – consistia em atirar as vítimas ao mar, a 40 quilômetros da costa. Burnier teria dito que ele e Hélio iriam "pilotar um C-47 cheio dessa canalha comunista e empurrar todos com o pé na bunda pra dentro d'água", perguntando então se o capitão estaria preparado para raptar as vítimas onde elas estivessem. Disposto a não deixar dúvidas e encerrar a reunião, ele respondeu que não: "Eu acho que os senhores não estão falando a sério. O que torna uma missão legal e moral não é a presença de dois oficiais-generais à frente dela, o que a torna legal é a natureza da missão". Convencido de que ainda era possível arregimentar o apoio do subordinado, e também disposto a encerrar o doutrinamento e a partir para a ação, o brigadeiro convoca para dali a dois dias um novo encontro, dessa vez com todos os oficiais do Para-Sar.
Incrédulo de que seus comandados seriam expostos ao plano, Sérgio ainda assim reúne todos eles, comparecendo no dia 14 de junho à reunião marcada no prédio do Ministério da Aeronáutica, na avenida Churchill, centro do Rio. Guardadas por uma dezena de soldados armados demetralhadoras, as mais de quarenta pessoas ali reunidas ouviram então a exposição do brigadeiro Burnier, que passou a informar quais seriam as novas tarefas do Para-Sar. A primeira ditava que, em caso de guerra, o esquadrão poderia matar para cumprir sua missão. A segunda previa que em caso de guerra civil contra revolucionários compatriotas, estes teriam que ser eliminados pelo Para-Sar. A terceira ditava enfim que, mesmo em caso de paz, o esquadrão deveria executar aquelas missões durante agitações de rua. Este último desígnio era justificado pelo brigadeiro com observações como, "para cumprir missões de morte na guerra, é preciso matar na paz (…) Figuras políticas como Carlos Lacerda, esse canalha, já deveriam estar mortas (…) Ordens desta natureza não comportam perguntas nem dúvidas, cumprem-se e não se fazem comentários posteriores (…) Elementos indesejáveis serão lançados de navio, ou avião, a quarenta quilômetros da costa".
Finda a exposição, o brigadeiro Burnier dirige-se a quatro oficiais – o major Gil Lessa de Carvalho, os capitães Loris Areias Cordovil e Roberto Camara Lima Ipiranga dos Guaranys e o tenenteJoão Batista Magalhães – e, um a um, pergunta se estavam de acordo com os planos. Todos respondem que sim até o brigadeiro chegar a Sérgio, a essa altura irritado por saber que os quatro anteriores já faziam parte da trama. Ele responde que concorda com as duas primeiras tarefas, mas que considerava a terceira "imoral, inadmissível a um militar de carreira". Complementa ainda que, enquanto estiver vivo, "isso não acontecerá neste país". Irado, o brigadeiro ordena que o subordinado cale a boca e "não se estenda em considerações". No mesmo tom, o capitão responde que não só não se calaria como ainda levaria o caso ao ministro da Aeronáutica. A discussão provoca um clima de tensão na sala, e os jovens guardas são cercados pelos oficiais do Para-Sar. Lívido, o brigadeiro Burnier deixa o local acompanhado de seus quatro aliados. Sérgio despacha então os homens do esquadrão, seguindo diretamente para o gabinete do ministro Márcio de Souza Mello.
Denúncia e apuração
No ministério, o capitão é barrado pelo major Barata Neto, assistente do ministro, que depois de ouvir o relato teria pedido um tempo para informar seu chefe, alegando que teria que "preparar o espírito dele". No dia seguinte, Sérgio procura o brigadeiro Délio Jardim de Matos, de quem fora assessor durante cinco anos. Ele considera o caso tão grave que responde que só Eduardo Gomes poderia "segurar esse abacaxi". Pouco tempo depois o caso é narrado ao brigadeiro Gomes, que pergunta a quem o capitão era subordinado operacionalmente. No dia seguinte, ele e o major-brigadeiro Itamar Rocha, diretor-geral de Rotas Aéreas do Ministério da Aeronáutica, estavam na casa de Gomes, que aconselha o diretor-geral a abrir uma sindicância o mais rápido possível.
O brigadeiro Itamar baseia sua investigação em um relatório escrito por Sérgio, e também em interrogatórios feitos reservadamente a todos os integrantes do Para-Sar. Após receber as respostas a um minucioso questionário sobre a reunião do dia 14 de junho, Itamar constata que, das 41 testemunhas, 37 corroboravam a versão do capitão sobre o ocorrido – as quatro demais sendo justamente os oficiais que haviam demonstrado apoio aos planos do brigadeiro. Enquanto isso, Sérgio enfrentava Burnier usando os canais reservados da burocracia militar. A patente de um dos lados pesa mais, e o capitão acaba transferido para Recife, enquanto seu maior aliado no Para-Sar, o médico Rubens Marques Santos, era enviado paraManaus. Ainda continuava contando, no entanto, com o apoio do brigadeiro Itamar.
Burnier por sua vez prepara a própria sindicância, e o coronel designado para a função rasga os testemunhos dos oficiais que confirmavam a versão de Sérgio. Enquanto isso algumas das testemunhas, sob pressão, acabam mudando seus depoimentos. Baseado nessa "nova" versão dos fatos, o ministro Souza Mello assume a defesa de Burnier e a responsabilidade pela utilização do Para-Sar em "missões de guerra interna, guerra revolucionária". Também nega que o brigadeiro tivesse discutido assassinatos em sua reunião com o esquadrão, terminando por manter as transferências do capitão Sérgio e do médico Rubens, cujo cancelamento fora solicitado pelo brigadeiro Itamar. O impasse se mostrava de difícil resolução, tanto pela natureza do tema como pelo envolvimento do brigadeiro Eduardo Gomes. O desfecho era ainda mais complicado devido ao fato de Itamar e Sérgio recusarem-se a aceitar medidas conciliatórias de fachada, expediente que era usado desde o golpe de 1964 para contornar casos evidentes de deliquência de oficias envolvidos em atividades de policiamento político.
Analisando em seu livro A Ditadura Envergonhada as tentativas de encerrar aquela crise, o escritor Elio Gaspari conclui que em nenhum momento Burnier e Souza Mello aceitaram o embate direto, preferindo ao invés disso apelar para a força da patente e da autoridade sempre que a defesa se fazia necessária. Mesmo com o capitão mantendo sua versão dos fatos – deixando assim Burnier na posição de mentiroso – não foram tomadas contra ele as medidas disciplinatórias de praxe, e muito menos abriu-se um inquérito oficial, a solução mais lógica para a situação. Ao invés disso, foram buscados contornos como a transferência e a posterior detenção de Sérgio, condenado a 25 dias de cadeia. Na ordem de prisão, o ministro acusa-o de "ter deturpado" palavras de Burnier e "haver feito, por escrito, insinuação desrespeitosa a seu respeito". Na verdade, não era nem uma coisa e nem outra. O capitão e a maioria dos integrantes do Para-Sar diziam com todas as letras que o brigadeiro os chamara a ser cúmplices de assassinatos políticos. Gaspari argumenta então que "se o capitão mentira, a sindicância fora instrumento inadequado de investigação e os 25 dias de cadeia, pena inepta e leniente".
Setembro chega, e o caso permanece sem solução definitiva. Nesse ínterim, com o relatório do brigadeiro Itamar corroborando a versão do capitão Sérgio, Eduardo Gomes procura o senadorDaniel Krieger pedindo que a situação fosse exposta ao presidente Costa e Silva, informando que interferia no sentido de que "a ocorrência não fosse divulgada". Nesse quesito, de acordo com a análise de Elio Gaspari, Gomes agia conforme a nobiliarquia; se tivesse sucesso, comprovaria que "roupa-suja se lava em casa". Se perdesse, passaria pelo desgosto de perceber que "a sujeira não estava na roupa, mas na casa. Perdeu".
Em 26 de setembro, o brigadeiro Itamar manda entregar pessoalmente ao ministro da Aeronáutica o resultado da sindicância. Tendo ouvido as testemunhas, sua conclusão era de que a maioria esmagadora confirmara a existência dos planos terroristas, concluindo "ser nítida e insofismável a intenção do brigadeiro Burnier de usar o Para-Sar como executor de atentados a figuras políticas". Ressaltava ainda a necessidade de intervenção do ministro, dado que os fatos "têm sido apurados de maneira superficial, em desacordo com a sua extrema gravidade". A essa altura o decreto de demissão de Itamar, assinado por Souza Mello, já estava nas mãos do presidente, mas este ainda confiava na possibilidade de um acordo. Com a remessa dos documentos que comprovavam o delito e desmetiam Burnier, não houve outra solução senão levar a cabo esse desfecho, que fora estimulado pelo general Jayme Portella e era agora referendado por Costa e Silva.
Consequências
No dia 1 de outubro, o deputado Maurílio Ferreira Lima, do MDB, sobe à tribuna da câmara para denunciar o caso. No mesmo dia, é anunciada a exoneração do brigadeiro Itamar, seguida por uma prisão domiciliar de dois dias. A crise é abordada pelo jornal Correio da Manhã, que em entrevista com a nora do brigadeiro, revela que ele fora punido em função das sindicâncias que realizara a respeito de um plano de "um grupo de radicais" cujo objetivo era a "eliminação de grupos estudantis e outros que sejam considerados incovenientes". No mesmo periódico, Pery Cotta volta a tratar do assunto na reportagem "Operação Mata-Estudante". Publicada no dia 4 de outubro, a matéria trazia a público o envolvimento do Para-Sar na repressão a estudantes em passeatas no Rio, e sua publicação acabaria resultando posteriormente na prisão do jornalista.
O ministro pudera demitir Itamar, mas frente ao escancaramento do caso ao público, não foi capaz de apresentar uma versão que se sustentasse. A resposta às matérias do Correio da Manhã, dada através do gabinete, veio na forma de uma falácia que procurava confundir a denúncia contra um oficial com um ataque a toda corporação, alegando ser aquela uma "manobra divisionária em ofensiva dirigida contra as próprias instituições militares, fazendo parte dos processos de tentativa de isolamento das Forças Armadas na comunidade brasileira".
Com a promulgação do AI-5, o capitão Sérgio é reformado em 1969. Na mesma época, é processado por falsidade ideológica, sendo absolvido em primeira instância por quatro votos a um e, no Superior Tribunal Militar, por quinze votos a zero. Segundo um ministro que o julgou no STM, "pela primeira vez na história acusou-se uma pessoa de ter 'assinado' um documento não assinado". A prova do crime, de fato, era um papel sem assinatura a respeito de um voo realizado pelo capitão anos antes. Desprovido de seu meio de subsistência e com mulher e três filhos para cuidar, Sérgio passa os anos seguintes tentando se firmar em uma série de profissões, trabalhando como publicitário, vendedor, jornalista e roteirista, entre outros. A situação delicada é agravada por um problema na coluna, e ele é obrigado a contrair uma série de empréstimos para suprir o tratamento de saúde.
Mesmo após o escândalo, o brigadeiro Burnier permaneceu à frente de operações secretas da Aeronáutica. Em 1970, já no governo Médici, é premiado com o comando da 3ª Zona Aérea, área de chefia que abrangia a Base Aérea do Galeão e onde no ano seguinte ele se envolve no episódio da tortura e morte do guerrilheiro Stuart Angel Jones. A pressão pública exercida por Zuzu Angel em razão do assassinato de seu filho acabaria por provocar a queda do ministro Souza Mello, e seu sucessor, Joelmir de Araripe Macedo, acaba por remover Burnier do comando da 3ª Zona, transferindo-o para um cargo burocrático na Diretoria de Documentação Histórica da Aeronáutica. Ele é afastado da lista de promoções em 1972, sendo obrigado a passar para a reserva. Burnier negou até a morte o envolvimento no caso Para-Sar, protestando contra sua divulgação na imprensa e solicitando diversas vezes que o processo militar fosse reaberto, não obtendo sucesso. Apesar disso, o passar dos anos não arrefeceu o apoio que recebera de Souza Mello; ao ser entrevistado em 1988 por Zuenir Ventura para seu livro 1968: o Ano que Não Terminou, o ex-ministro declarou que o capitão Sérgio, "ele sim, é que tinha esse plano" – posição que manteve mesmo confrotado com a evidência da confirmação por 37 testemunhas, hierarquizando: "É a palavra de cabos e sargentos contra a palavra de oficiais".
Em 1985, Sérgio recebe a primeira homenagem pública desde que foi cassado, tendo o título de "Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro" concedido a ele pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. A cerimônia, realizada no dia 12 de junho daquele ano, contou ainda com a presença de Luís Carlos Prestes.Em 1992, o Supremo Tribunal Federal reconheceu os direitos do capitão, estabelecendo que ele devia ser promovido a brigadeiro – posto que teria alcançado se tivesse permanecido na Aeronáutica. O então ministro da Aeronáutica, o brigadeiro Lélio Lobo, ignora a decisão da corte, sendo o STF obrigado a mandar um ofício exigindo o cumprimento da lei. Lobo novamente se recusa, transferindo o problema para o presidente da República, à épocaItamar Franco, que por sua vez protela a decisão até que Sérgio morre de câncer em 1994, sem ver sua patente restabelecida ou receber a promoção a que tinha direito. Em 1997, o governo federal, baseado na decisão do STF, indeniza a família de Sérgio com o valor relativo às vantagens e soldos que ele deixou de receber entre os anos de 1969 e 1994.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
AS DIRETAS-JÁ E A REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL
Na década de 1970, o porta Eduardo Alves da Costa compôs um poema que foi publicado em jornais estudantis e se tornou símbolo nas manifestações das " Diretas Já". Na década seguinte, curiosamente a autoria foi atribuída ao russo Vladimir Maiakóvski, provavelmente em função ao título do poema.
No caminho, com Maiakóvski
João Batista Figueiredo |
O Movimento pelas Diretas-Já constituiu-se num marco da História do Brasil, pois foi um dos pilares de sustentação da redemocratização, na primeira metade da década de oitenta. Em 1984, pelos quatro cantos do país, centenas de milhares de pessoas, independente de posições contrárias, se juntaram com um único objetivo: conquistar o direito ao voto direto para presidente da República. A ditadura militar, sob a falácia de uma revolução, instalou-se no país em 1964, e, de 1968 a 1975, foi sanguinária valendo-se de métodos execráveis para manter o controle do sistema. A tortura, o exílio e, principalmente, o assassinato, eram mecanismos utilizados para intimidar, afastar ou acabar de vez com aqueles que lutavam pelos direitos coletivos – acima de tudo, a liberdade. Depois de 1975, a ditadura tornou-se relativamente branda e, em 1984, quando o presidente era o general João Batista Figueiredo, não foi possível impedir a chamada abertura política, àquela altura inevitável, e o estágio seguinte foi a redemocratização.
Mas, antes do júbilo da redemocratização, o Movimento pelas Diretas-Já teve as expectativas frustradas, quando o Congresso Nacional não aprovou as eleições diretas. O ranço militar, com seu conservadorismo exacerbado, não permitiu que os brasileiros pudessem escolher diretamente o presidente da República, permanecendo um jejum de democracia de mais de duas décadas.
Tancredo Neves |
O presidente da República deveria ser escolhido pelo Congresso Nacional, e os candidatos eram dois. Paulo Maluf, protótipo construído pela ditadura militar, representava as oligarquias que curvavam-se diante dos carrascos militares. Tancredo Neves, exemplo de resistência à ditadura militar, tinha o apoio da maioria dos brasileiros, mesmo não podendo receber seus votos. Resultado. Tancredo Neves foi eleito presidente da República, alicerçado pelo que fora construído pelos heróis que lutaram contra os desmandos dos militares, principalmente aqueles que sacrificaram a própria vida, verdadeiros mártires, e também todos que participaram, de alguma maneira, do Movimeto pelas Diretas-Já. Alegria geral.
José Sarney |
Entretanto, a alegria foi interrompida quando o presidente da República, recém-eleito, faleceu, sem ter tempo de governar o país. Fatalidade? Conspiração? Há defensores dessas duas teses, mas o fato é que, naquele momento, o país passou a ser governado por um quase desconhecido, um tal de José Ribamar Ferreira, ou José Sarney, escritor e político experiente do Maranhão, vice-presidente da República, cujo sobrenome pomposo, aristocrático, americanizado, contrastava com a infância humilde, mesmo simplória. Na verdade, o sobrenome era um apelido herdado de seu pai, que chamava-se Ney e era conhecido entre os americanos que desembarcavam nos portos maranhenses, onde trabalhava, como “sir Ney” (“senhor Ney”). Pois esse quase desconhecido, José Sarney, um civil como Tancredo Neves, governou o país continental chamado Brasil, de 1986 a 1989, sob o lema “Tudo pelo Social”. Na realidade, foi uma espécie de governo transitório entre a ditadura militar e a redemocratização, uma quase escolha democrática, sem o voto direto. E em que pesem alguns desastres econômicos (quem não se lembra dos tempos negros em que a inflação pairava na estratosfera, e não havia produtos para comprar, como carne?), em seu governo, entre outras coisas, o direito à liberdade de expressão ganhou contornos consideráveis. Mas como teria sido o governo de Tancredo Neves? Nunca haverá uma resposta.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
- Governo Médici e o "milagre econômico"O retrato oficial do general presidente
Os oficiais generais que lideraram o golpe de 1964 e permaneceram 21 anos no poder, justificaram o regime militar como medida adequada para solucionar as crises de instabilidade governamental do período democrático-populista.
Os militares golpistas concebiam a democracia representativa e multipartidária brasileira, em vigor no período populista, como a principal causa dos conflitos políticos que desestabilizaram os respectivos governos eleitos.
Descrentes do sistema democrático num país em desenvolvimento, os militares acreditavam que um regime de força, cerceador das liberdades políticas e constitucionais, fosse mais adequado às condições de um país como o Brasil.
Não obstante, a ditadura militar revelou-se um regime extremamente "anárquico". A anarquia provinha da caserna, isto é, da própria instituição militar representada pelos oficiais da ativa. Nos mandatos presidenciais de Castello Branco, Costa e Silva e da Junta militar, a desordem e as conspirações militares desestabilizaram os governos.
Estabilidade política
O próprio Costa e Silva liderou conspirações contra o governo de seu antecessor, Castello Branco. A cada escolha de um general para ocupar a presidência, abria-se uma grave crise institucional.
O breve período de cinco anos que corresponde ao mandato do presidente Médici foi o único momento em que o regime conquistou estabilidade política. Médici conseguiu apaziguar os quartéis ao permitir que as aspirações e interesses dos militares direitistas radicais, que defendiam o emprego sistemático da repressão policial-militar contra todos os opositores da ditadura, se expressassem em seu governo.
Por esse motivo o governo Médici correspondeu ao período da maior onda de repressão política da história do país.
O "milagre econômico"
O desenvolvimento e crescimento econômico advindos da estabilização da economia também contribuiram para estabilidade governamental. O governo Médici entrou para a história como o período onde se registraram os maiores índices de desenvolvimento e crescimento econômico do país.
Entre 1969 e 1973, a economia brasileira registrou taxas de crescimento que variavam entre 7 e 13 por cento ao ano. O setor industrial se expandia e as exportações agrícolas aumentaram significativamente gerando milhões de novos postos de trabalho. A oferta de emprego aumentou de tal modo que os setores industriais mais dinâmicos concorriam na contratação de trabalhadores assalariados.
A fim de sustentar e ampliar o desenvolvimento e crescimento da economia, o governo investiu grandes somas de recursos financeiros em infraestrutura (construção de grandes estradas, pontes, hidrelétricas, etc.). A maior parte desses recursos financeiros eram provenientes de empréstimos estrangeiros.
Euforia e ufanismo
Por outro lado, recursos enérgicos como o petróleo, comprado a preços baixos dos países exportadores, impulsionava ainda mais a economia nacional. Regiões pouco conhecidas e habitadas do país, como a Amazônia e a Região Centro-Oeste, receberam estimulo governamental para serem exploradas economicamente.
Esse período de prosperidade da economia brasileira ficou conhecido como o "milagre econômico". O "milagre" gerou um clima de euforia e ufanismo geral na sociedade. A propaganda oficial do governo elaborou slogans que expressavam nitidamente o contexto da época: são exemplos frases como "Ninguém mais segura este país", ou ainda, "Brasil, ame-o ou deixe-o".
Fim da prosperidade
O governo Médici vangloriava-se do "milagre econômico" apontando-o como uma conquista do regime militar. Porém, a fase de prosperidade da economia brasileira tinha muito mais causas externas (internacionais) do que internas. Por isso, quando a situação da economia mundial se tornou adversa, o "milagre" brasileiro chegou ao fim.
O "milagre econômico" teve um custo social e econômico altíssimo para o país. A brutal concentração da renda impediu que as camadas populares melhorassem sua condição de vida. As desigualdades sociais e a pobreza aumentaram neste período.
Por outro lado, o controle governamental dos sindicatos impediu a livre organização dos trabalhadores e, consequentemente, a conquista de direitos e compensações salariais. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa tão elevada e custosa que bloqueou por décadas o crescimento e desenvolvimento sustentável do país.
O sistema repressivo
Quando o presidente Médici assumiu o governo, todos os órgãos que compunham o sistema repressivo da ditadura militar se encontravam em pleno funcionamento. De 1964 até 1968, o trabalho de repressão política ficou sob exclusiva jurisdição civil, destacando-se neste período as atuações do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em cada estado, Secretarias Estaduais de Segurança Pública (SESPs) e Departamento de Política Federal (DPF).
A partir de 1969, entraram em funcionamento os Centros de Informações de cada ramo das Forças Armadas: CIE no Exército, SISA na Aeronáutica e CENIMAR na Marinha. Também foram criados o Destacamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) e de órgãos paramilitares clandestinos como a Organização Bandeirantes (OBAN).
Aliança Libertadora Nacional, Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), Partido Comunista do Brasil, Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares)
Com o Ato Institucional nº 5, em vigor desde 1968, o sistema repressivo desencadeou ações violentas contra todos os opositores do regime. O principal alvo da repressão policial-militar foi direcionada contra as organizações guerrilheiras. Existiam muitas organizações armadas, mas os principais grupos que atuaram neste período foram a Aliança Libertadora Nacional (ALN), Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8), Partido Comunista do Brasil (PC do B), Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares).
Entre o fim da década de 1960 e início da década de 1970, as organizações guerrilheiras realizaram ações espetaculares como assaltos a bancos para conseguir recursos financeiros, seqüestros de embaixadores para serem trocados por presos políticos, atentados contra autoridades e empresários. Tinham como objetivo derrubar a ditadura e instaurar um governo revolucionário para o estabelecimento do socialismo no Brasil.
Porém, todas as organizações guerrilheiras urbanas foram destruídas ou completamente desarticuladas. A maioria dos militantes dessas organizações morreu em combate com os agentes dos órgãos de repressão. Aqueles que sobreviveram ficaram presos ou foram banidos do país. O golpe final da ditadura contra as organizações armadas foi dado com a destruição da Guerrilha do Araguaia, que havia sido promovida pelo PC do B.
A tortura
O aspecto mais desumano e cruel da repressão policial-militar foi, sem dúvida nenhuma, o emprego da tortura como método para eliminar e neutralizar qualquer forma de oposição e subversão ao governo dos generais. Diversos instrumentos e técnicas de castigos corporais e psicológicos faziam parte dos métodos de ação dos agentes dos órgãos de repressão (choques elétricos, pau-de-arara, afogamento, pancadas, queimaduras, etc).
Os governos militares negavam categoricamente a prática da tortura, mas ela era sistematicamente utilizada como método para extrair confissões dos acusados ou suspeitos de subversão.
A tortura foi institucionalizada no Brasil pela ditadura militar. Era uma prática revestida de grande sofisticação. Existiam instalações e equipamentos apropriados para esse fim, além de pessoal rigorosamente treinado que aplicava a tortura. Foi justamente durante o governo Médici que foram registrados os maiores índices de emprego da tortura.
A sucessão presidencial
Médici foi escolhido presidente por indicação do Alto Comando das Forças Armadas. Porém, a estabilidade política alcançada em seu governo determinou em grande medida que o próprio presidente tivesse condições para indicar seu sucessor. Médici escolheu para sucedê-lo na presidência da República, o general Ernesto Geisel.
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Golpe contra o governo de João Goulart
O anúncio das Reformas de Base inflamou as tensões políticas que tomaram conta do Governo João Goulart.
Após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentaram vetar a chegada do vice-presidente João Goulart ao posto presidencial. Tendo sérias desconfianças sobre a trajetória política de Jango, alguns membros das Forças Armadas alegavam que a passagem do cargo colocava em risco a segurança nacional. De fato, vários grupos políticos conservadores associavam o então vice-presidente à ameaçadora hipótese de instalação do comunismo no Brasil.
Com isso, diversas autoridades militares ofereceram uma carta ao Congresso Nacional reivindicando a extensão do mandato de Ranieiri Mazzilli, presidente da Câmara que assumiu o poder enquanto Jango estava em viagem à China. Inicialmente, esses militares se manifestavam a favor da realização de novas eleições para que a possibilidade de ascensão de Jango fosse completamente vetada. No entanto, outros políticos e militares, como o Marechal Lott, eram a favor do cumprimento das regras políticas.
Foi nesse contexto que várias figuras políticas da época organizaram a chamada “Campanha da Legalidade”, em que utilizavam os meios de comunicação para obter apoio à posse de João Goulart. Entre outros políticos destacamos Leonel Brizola, cunhado do vice-presidente, que participou efetivamente do movimento. Paralelamente, sabendo das pressões que o cercavam, Jango estendeu sua viagem realizando uma visita estratégica aos EUA, como sinal de sua proximidade ao bloco capitalista.
Com a possibilidade do golpe militar enfraquecida por essas duas ações, o Congresso Nacional aprovou arbitrariamente a mudança do regime político nacional para o parlamentarismo. Dessa maneira, os conservadores buscavam limitar significativamente as ações do Poder Executivo e, consequentemente, diminuir os poderes dados para Jango. Foi dessa forma que, em 7 de setembro de 1961, João Goulart assumiu a vaga deixada por Jânio Quadros.
A instalação do parlamentarismo fez com que João Goulart não tivesse meios para aprovar suas propostas políticas. Mesmo assim, elaborou um plano de governo voltado para três pontos fundamentais: o desenvolvimento econômico, o combate à inflação e a diminuição do déficit público. No entanto, o regime parlamentarista impedia que as questões nacionais fossem resolvidas por meio de uma consistente coalizão política.
O insucesso do parlamentarismo acabou forçando a antecipação do plebiscito que decidiria qual sistema político seria adotado no país. Em 1963, a população brasileira apoiou o retorno do sistema presidencialista, o que acabou dando maiores poderes para João Goulart. Com a volta do antigo sistema, João Goulart defendeu a realização de reformas que poderiam promover a distribuição de renda por meio das chamadas Reformas de Base.
Em março de 1964, o presidente organizou um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), no qual defendeu a urgência dessas reformas políticas. Nesse evento, foi presenciada a manifestação de representações e movimentos populares que apoiavam incondicionalmente a proposta presidencial. Entre outras entidades aliadas de Jango, estavam a União Nacional dos Estudantes (UNE), as Ligas Camponesas (defensoras da Reforma Agrária) e o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT).
O conjunto de ações oferecidas por João Goulart desprestigiava claramente os interesses dos grandes proprietários, o grande empresariado e as classes médias. Com isso, membros das Forças Armadas, com o apoio das elites nacionais e o apoio estratégico norte-americano, começaram a arquitetar o golpe contra João Goulart. Ao mesmo tempo, os grupos conservadores realizaram um grande protesto público com a realização da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”.
A tensão política causada por manifestações de caráter tão antagônico foi seguida pela rebelião de militares que apoiavam o golpe imediato. Sob a liderança do general Olympio de Mourão filho, tropas de Juiz de Fora (MG) marcharam para o Rio de Janeiro com o claro objetivo de realizar a deposição de Jango. Logo em seguida, outras unidades militares e os principais governadores estaduais do Brasil endossaram o golpe militar.
Dessa maneira, o presidente voltou para o Rio Grande do Sul tentando mobilizar forças políticas que poderiam deter a ameaça golpista. Entretanto, a eficácia do plano engendrado pelos militares acabou aniquilando qualquer possibilidade de reação por parte de João Goulart. No dia 4 de abril de 1964, o Senado Federal anunciou a vacância do posto presidencial e a posse provisória de Rainieri Mazzilli como presidente da República. Foram dados os primeiros passos para a ditadura militar no Brasil.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Criação do SNI
Criação do SNI
Serviço Nacional de Informações
O Serviço Nacional de Informações (SNI) foi criado pela lei nº 4.341 em 13 de junho de 1964 com o objetivo de supervisionar e coordenar as atividades de informações e contra-informações noBrasil e exterior. Em função de sua criação, foram absorvidos o Serviço Federal de Informações e Contra-Informações (SFICI-1958) e a Junta Coordenadora de Informações (JCI-1959).
A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) foi criada em 1999 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, tomando o lugar que fora do SNI.
O idealizador e primeiro chefe
O idealizador e primeiro chefe
O General Golbery do Couto e Silva foi o idealizador do SNI quando trabalhava no Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, IPES. Os fichários (Cerca de três mil dossiês) com as informações das principais lideranças políticas, sindicais e empresariais do país foram absorvidos pelo serviço.
Estrutura
Estrutura
A estrutura do SNI era composta pelo chefe, que tinha status de ministro, o poder de ação e decisão era imenso, de suas apreciações poderiam emanar atitudes do chefe de Estado das mais diversas, desde mandar investigar um suspeito, até expurgá-lo do país.
O Serviço Nacional de Informações acumulava fichas técnicas de pessoas consideradas suspeitas.
Agência central
Agência central
O SNI coordenava as atividades centralizadamente, absorvendo as informações provindas de todos os escritórios e agências, catalogando-as, processando-as, separando informes deinformações, e enviando aos escritórios competentes para posterior utilização, ou arquivamento.
Agências regionais
Agências regionais
Agiam de maneira similar à agência central, porém com informações ao nível regional. Como a coleta de informações neste nível era descentralizada, seu processamento também o era, desta forma, com o controle pulverizado, uns controlavam aos outros mais eficientemente.
Escritórios
Escritórios
Havia escritórios espalhados por todo o país, para coletar os informes e informações e remetê-los às instâncias superiores. Os escritórios coordenavam o trabalho dos agentes, "cachorros" e "secretas".
- Cachorros eram agentes que não eram remunerados, agiam de forma voluntária sempre esperando algum tipo de favorecimento resultante de suas ações. Muitos cachorros eram funcionários públicos que obtinham cargos de confiança de Brasília em troca das informações que colhiam de seus colegas e parentes de seus colegas.
- Os secretas eram agentes remunerados e treinados pelo SNI, em geral eram infiltrados nos mais diversos setores da administração pública e privada. Muitos destes agentes agitavam os grupos onde se encontravam na busca de prováveis lideranças que deveriam ser neutralizadas.
- Era comum a presença de secretas e cachorros, principalmente em escolas, faculdades, universidades, empresas estatais, autarquias, etc. Uns desconheciam a presença e atuação de outros, gerando assim um controle eficaz por parte do escritório central, que reunia as informações e informes trazidos pelos dois grupos de agentes.
Secretaria
Seguindo ao mesmo sistema adotado pela CIA norte-americana, ainda havia várias secretarias compondo ao SNI, muitas paralelas aos escritórios e agências para evitar a perda de informações e aumentar a vigilância mútua, minimizando desta forma as infiltrações de possíveis agentes inimigos.Secretaria administrativa
Era responsável pela burocracia, contas a pagar, folhas de pagamento de salários, distribuição e prestações de contas, não atuava em vigilâncias, nem tomava decisões que não fossem meramente administrativas.
Secretaria política
Secretaria política
Vigiava atividades partidárias em todo o país, os parlamentares e suas famílias; observava os procedimentos e andamento de processos de vigilância, ao mesmo tempo vigiava os próprios agentes contra possíveis traições. Esta secretaria coordenava as atuações dos "secretas" além dos agentes de carreira.
Secretaria econômica
Secretaria econômica
Vigiava as transações das empresas privadas, bancos, transações comerciais dentro e fora do país, governamentais, ou não; controlava os dados da secretaria administrativa, pagamentos, despesas, e prestações de contas de toda ordem, vigiava a entrada e saída de moeda estrangeira no país.
Secretaria ideológica
Secretaria ideológica
Sempre com agentes infiltrados, acompanhava de perto a subversão e subversivos, doutrinava os "agentes cachorros" quanto à coleta de informações, angariava voluntários em troca de favores para agir em nome da segurança nacional; vigiava de muito perto a guerrilha, aos clandestinos e todos aqueles que eram vistos como opositores do regime militar; vigiava às demais secretarias quanto ao pensamento ideológico de seus componentes; tinha agentes voluntários (cachorros) infiltrados em praticamente todas as escolas e universidades do Brasil.
Secretaria psicossocial
Secretaria psicossocial
Tinha a função de vigiar as atividades das igrejas, em especial a católica; manipulava a imprensa através da criação de condições para a inserção de propaganda institucional em todos os meios de comunicação; infiltrava agentes em sindicatos, escolas, universidades, repartições públicas, entidades de classe, entre outros segmentos da sociedade; tinha liberdade de ação para criar sistemas de manipulação das massas com veiculação e criação de factoides e notícias de contra-informação; suas atividades no campo da manipulação do pensamento visavam a desestabilização psicológica causando pânico e desconfianças em prováveis subversivos infiltrados na máquina ditatorial; usavam do experimentalismo para aumentar o alcance de sua ação dentro do terreno adversário, criando sabotagens e condições para que o "inimigo interno" se desunisse e criasse entre si os justiçamentos.
Assessorias
Assessorias
As assessorias eram desvinculadas das secretarias, porém as vigiavam, e por elas eram vigiadas, os métodos utilizados eram bastante simples, como pelo próprio sistema havia a desconfiança de uns contra os outros, a agência central plantava agentes em praticamente todas as repartições, coletando informações das atividades múltiplas.
Assessorias de Segurança e Informações (ASIs)
Assessorias de Segurança e Informações (ASIs)
Eram órgãos de informações das entidades subordinadas ou vinculadas aos ministérios, como empresas estatais e autarquias, e tinham agentes para a coleta de dados e remessa ao órgão central, visando um maior controle.
Instituições tão díspares como o Banco do Brasil, Fundação Oswaldo Cruz e Companhia Vale do Rio Doce, Fundação Getúlio Vargas, Biblioteca Nacional, entre outras tinham suas atividades, e a de seus funcionários, acompanhadas pelas ASIs.
As ASIs coletavam e repassavam informações sobre atividades políticas de funcionários e dirigentes de estatais, autarquias, fundações, companhias de economia mista e até mesmo empresas privadas que atuavam em projetos tidos como de interesse do Estado, como empresas de engenharia, computação e tudo o mais que fosse considerado importante para a Segurança Nacional.
Divisões de Segurança Nacional (DSIs)
Divisões de Segurança Nacional (DSIs)
Eram órgãos centrais de informações em um ministério civil, neles também eram coordenadas ações de coletas de dados, para envio à agência central.
Escola de Informações
Escola de Informações
Juntamente ao SNI, foi criada em 1971 a Escola Nacional de Informações (EsNI), com estagiários oriundos das mais diversas classes sociais, para facilitar o controle ideológico, os melhores alunos eram enviados ao exterior, principalmente aos Estados Unidos e Panamá, onde era mantida uma escola similar pela CIA.
Chefes notáveis do SNI
Golbery do Couto e Silva
Emílio Garrastazu Médici
Carlos Alberto da Fontoura
João Baptista de Oliveira Figueiredo
Octávio Aguiar de Medeiros
Ivan de Souza Mendes
A atividade desenvolvida pelo SNI
Algumas das atividades do SNI eram os grampos telefônicos ("sangrar linhas"), censura postal e investigações, contatos com a CIA, além da Operação Condor. Muitos dos documentos coletados, desapareceram depois do desmonte do serviço.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Vida e obra de Geraldo Vandré
Geraldo Vandré _ Geraldo Pedrosa de Araujo Dias, 12-9-1935 (João Pessoa, Paraíba). Na adolescência participou de pequenos shows e bailes, mudou-se para o Rio de Janeiro para tentar carreira de cantor, chegando a se apresentar com o pseudônimo de Carlos Dias para cantar a música de um jovem autor num Festival de Estudante (Carlos Lira, então com 15 anos). Cantou em programas de calouros, entrou no Direito onde fez música com o mesmo Carlos Lira, participou do Centro Popular de Cultura e gravou a primeira música da parceria em 1961, Quem quiser encontrar o amor. Em 1962 gravou outra música com o parceiro, Aruanda e passou a se interessar mais pela composição. Foi assumindo mais a carreira como compositor e gravou o primeiro LP em 1964, destacando-se a composição Fica mal com Deus. Cantou a música de Chico Buarque, Sonho de um Carnaval no I Festival de Música Popular Brasileira da TV Record de São Paulo, gravou novo LP (Hora de Lutar) e fez a trilha sonora do filme A hora e a vez de Augusto Matraga (direção de Roberto Santos). Em 1966 fez sucesso com Pequeno concerto que virou canção, venceu o Festival Nacional da Música Popular da TV Excelsior com Porta-estandarte (parceria com Fernando Lona), venceu também o II FMPB da TV Record com Disparada (com Téo de Barros, apresentada por Jair Rodrigues), empatando com A Banda de Chico Buarque e foi 2o. colocado no I FIC (Festival Internacional da Canção) da TV Rio com O cavaleiro, em parceria com Tuca, cantora que já havia defendido a música Porta-estandarte em dupla com Airto Moreira. Em 1968, no II FIC, causou polêmica nacional o 2o. lugar que tirou com Caminhando (ou Prá não dizer que não falei das flores). Era a música preferida do público, a letra conclamava a inquietude com o regime militar que se tornava mais rígido e o primeiro lugar foi dado a Sabiá (de Chico Buarque e Tom Jobim), ao que consta,por pressão dos militares. Sabiá foi vaiada durante toda a apresentação pelo público que lotava o estádio do Maracanazinho. A música se transformou num Hino dos estudantes inconformados com o regime nos anos que se seguiram. Com o fechamento do Congresso em 1968 foi preso e exilou-se no Chile e seguiu para a Europa. Suas músicas e apresentações para televisão foram proibidas no Brasil, tendo realizado um show no Paraguai, na fronteira com o Brasil apenas em 1982. Dentre outras obras detacam-se Ladainha (1965), Canção Nordestina (1966), João e Maria (1967, com Hilton Accyoli), Arueira (1967), Rancho da rosa encarnada (1967, com Gilberto Gil e Torquato Neto).
Disparada, cantada no Festival da Record de 1966 por Jair Rodrigues
Nessa música podemos observar o tempo em que a ditadura militar prendia, torturava, perseguia e matava. Essa música faz referência a censura sofrida por todos naquela época!
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
MPB na Ditadura
O regime militar no Brasil, que se manteve no poder no país de 1964 a 1985, buscava vigiar e controlar o espaço público e todo o enunciado político contra a ditadura, buscava-se desmobilizar a sociedade para manter o regime. Nos veículos de comunicação em massa havia mensagens políticas de resistência, assim aconteceu com a música brasileira, principalmente para driblar a censura que ocorria sobre as composições musicais. Nos documentos da DOPS, uma das instituições que mais perseguiam os artistas, havia uma produção constante de suspeitas que seguiam critérios improvisados de perseguição; bastasse o artista participar de eventos estudantis, festivais, regravar artistas perseguidos, citar nomes políticos, entre outros fatores, para que o artista fosse perseguido.
Qualquer composição musical ou declaração que chocasse a “normalidade” política da ditadura era registrado como suspeito. Classificava-se grupo de atuação comunista aqueles que eram formados por Francisco Buarque de Holanda, Edu Lobo, Nara Leão, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Marilda Medalha, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento, entre outros.
Na década de 70, Chico Buarque passou a ser considerado inimigo número 1 do regime, seguido por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton, Gonzaguinha e Ivan Lins. Elis Regina passou a fazer parte da lista ao gravar o hino da anistia, a música “O bêbado e a equilibrista”.
Além de espaços sociais serem suspeitos, a atividade artística era considerada suspeita e subversiva. Os departamentos de investigação visaram defender a ordem política da época e manter os grupos familiares e seus devidos laços morais. Mas como cantava Caetano Veloso : “é proibido proibir”.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Doutrina de Segurança Nacional
Doutrina de Segurança Nacional e o Manto dos Atos Institucionais durante a Ditadura Militar Brasileira
No Brasil, o fim das liberdades democráticas, a repressão e o terror como política de Estado, foram formuladas através de uma bem arquitetada estrutura legislativa, que dava sustentação ao regime militar. Devemos enfatizar que a ditadura militar não foi resultado do acaso, de um acidente. Pelo contrário, ela foi sendo estruturada conforme a democracia e a participação política da população iam se ampliando. Não podemos negar que no início dos anos 60 estava sendo configurada uma nova forma de ação, através da organização popular, que questionava o arbítrio interno e a dependência externa e exigia mudanças nas estruturas econômicas e sociais, visando uma maior inclusão social da população pobre e trabalhadora.
O grupo militar que tomou o poder em 1964 vinha de uma tradição militar mais antiga, que remonta à participação do Brasil na II Guerra. A participação do Brasil ao lado dos países aliados, acabou sedimentando uma estreita vinculação dos oficiais norte-americanos e militares brasileiros, como os generais Humberto de Castelo Branco e Golbery Couto e Silva.
Terminada a guerra, toda uma geração de militares brasileiros passaram a freqüentar cursos militares norte-americanos. Quando esses oficiais retornavam dos EUA, já estavam profundamente influenciados por uma concepção de “defesa nacional”. Tanto que alguns anos mais tarde vão criar a Escola Superior de Guerra (ESG), vinculada ao Estado Maior das Forças Armadas. Essa escola foi estruturada conforme sua similar norte-americana National War College.
Nos dez anos que vão de 1954 a 1964, a ESG desenvolveu uma teoria de direita para intervenção no processo político nacional. A partir de 1964, a ESG funcionaria também como formadora de quadros para ocupar funções superiores nos sucessivos governos (Brasil: Nunca Mais, 1985, p. 70).
Foi dentro da ESG que se formulou os princípios da Doutrina de Segurança Nacional e alguns dos seus subprodutos, como por exemplo, o Serviço Nacional de Informações (SNI). Essa doutrina, que vai virar lei em 1968, com a publicação do decreto-lei no. 314/68, tinha como objetivo principal identificar e eliminar os “inimigos internos”, ou seja, todos aqueles que questionavam e criticavam o regime estabelecido. E é bom que se diga que “inimigo interno” era antes de tudo, comunista.
Essa nova estrutura de poder e de controle social se materializa com a publicação do Ato Institucional No. 1, que subvertia a ordem jurídica até então estabelecida. No preâmbulo do AI-1, instituído em 09 de abril de 1964, os militares já enfatizavam essa nova realidade:
O ato institucional que é hoje editado se destina a assegurar ao novo governo a ser instituído os meios indispensáveis à ordem de reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar de modo direto e imediato os graves e urgentes problemas de que dependem a restauração da ordem interna e o prestígio internacional de nossa pátria.
Com esse ato os militares não só ditavam novas regras constitucionais, como impunha profundas remodelações no sistema de segurança do Estado. Através do AI-1, foi institucionalizado o sistema de eleição indireta para Presidente da República, bem como dado poderes ao presidente para ditar nova constituição, fechar o congresso, decretar estado de sítio, impor investigação sumária aos funcionários públicos contratados ou eleitos, abrir inquéritos e processos para apurar responsabilidades pela prática de crime contra o Estado ou contra a ordem política e social, suspender direitos políticos de cidadãos pelo prazo de dez anos e cassar mandatos legislativos de deputados federais, estaduais ou mesmo de vereadores.
Durante a ditadura militar foram editados 17 atos institucionais. Mas entre eles, o mais polêmico e violento foi o de Número 5. O AI-5, editado em 13 de dezembro de 1968, reedita os princípios do AI-1, suspende o princípio do habeas corpus e institui de forma clara e objetiva a tortura e a violência física contra os opositores do regime.
Na verdade o AI-5 simbolizou um forte ciclo de repressão com amplos expurgos em órgãos políticos representativos, universidades, redes de informação e no aparato burocrático do Estado, acompanhados de manobras militares em larga escala, com indiscriminado emprego da violência contra todas as classes.
Em tal contexto político, além de tudo, o Congresso Nacional teve suas atividades suspensas por quase um ano, fazendo companhia às assembléias estaduais e municipais que também foram fechadas. Com as bases do Congresso enfraquecidas, a facilidade encontrada para efetivar a publicação de atos institucionais e de decretos-leis foi grande. Os decretos-lei, em sua maioria, iniciaram um processo de regulamentação da economia brasileira, procurando, em larga medida, torná-la atrativa para os investidores estrangeiros através da concessão de incentivos fiscais que facilitassem o desenvolvimento econômico da nação.
O manto dos atos institucionais e a autoridade absoluta dos militares serviriam como proteção e salvaguarda do trabalho das forças repressivas, fossem quais fossem seus métodos de ação. Só para ter uma idéia, durante o regime militar foram criados vários órgãos de repressão, como o SNI, os DOI-CODIs, o CIEX, o CENIMAR, a CISA, além do fortalecimento dos DOPS em todos os Estados. Foram criados ainda os Inquéritos Policiais Militares (IPMs), cujo objetivo era processar e criminalizar militantes e políticos que lutavam contra o regime militar. Somente o projeto Brasil: Nunca Mais (BNM) conseguiu reunir cópias de 717 IPMs, onde foram processados mais de 20 mil pessoas. Muitos dos processos não vieram à tona e estão ainda por ser verificados.
O aparato repressivo estatal se constituía de elementos que agiam de forma integrada: uma rede eficiente de informação, representada essencialmente pelo SNI (Serviço Nacional de Informação) criado pelo General Golbery do Couto e Silva e em funcionamento desde 1964, responsabilizando-se por direcionar todas as informações recebidas para o Poder Executivo; organizações que encabeçavam as ações repressivas em nível local, como a DM (Divisão Municipal de Polícia), coordenada pela DOPS que, por sua vez, se encontrava sob a jurisdição da SESP (Secretaria Estadual de Segurança Pública); e por instâncias das Forças Armadas como o CIEX (Centro de Informação do Exército), CENIMAR (Centro de Informação da Marinha) e CISA (Centro de Informação da Aeronáutica). Estes setores contavam com a liberdade e autonomia para realizarem suas atividades. Em São Paulo, no ano de 1969, criou-se a Operação Bandeirantes (OBAN) que obtinha recursos financeiros do empresariado.
Não era formalmente vinculada ao II Exército, mas era composta com efetivos do Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Política Estadual, Departamento de Polícia Federal, Polícia Civil, Força Pública e Guarda Civil (Brasil: Nunca Mais, 1985, p. 73).
Servindo como molde e, sobretudo como um teste que, segundo os militares deu certo na luta contra a subversão, a OBAN gerou as condições, agora dentro de parâmetros formais, para a implantação, em escala nacional, do Departamento de Operações Internas - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Surgiu em janeiro de 1970 e tinha o poder de usufruir, na área em que estivesse instalado, dos efetivos das Forças Armadas ou das polícias estaduais ou federal. No âmbito estadual, a Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS), também atuava em todos os níveis de repressão: investigando, prendendo, interrogando, torturando e matando.
Uma das reflexões possíveis que tange a especificidade do governo militar brasileiro, refere-se a forma como o regime autoritário foi arquitetado no país. O regime foi articulado por uma notável ambigüidade, pois mesmo no exercício de um regime de exceção e essencialmente enfatizado por uma indelével "lógica da suspeição", os dirigentes procuravam legitimá-lo e caracterizá-lo como sendo um sistema de governo democrático. Do primeiro general-presidente (Humberto de Alencar Castello Branco) até o último (João Baptista de Oliveira Figueiredo) foi salientado, principalmente, nos discursos de posse dirigidos ao povo brasileiro, a adoção de ações e comportamentos em nome da defesa da democracia no país.
Por outro lado, constatou-se, ao longo de vinte e um anos de permanência dos militares no poder, que a existência de uma administração democrática foi apenas fictícia, haja vista o contundente papel repressor desempenhado pelos órgãos policiais e jurídicos a fim de suplantar possíveis distúrbios sociais que afetassem o andamento das atividades do Poder Executivo.
O governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) representou o período de maior repressão, de arbitrariedade e de prepotência de todo o ciclo militar. Por outro lado, o "milagre econômico", que se processou entre os anos de 1968 e 1973, estigmatizado, principalmente pelos grandiosos projetos públicos e pelo acelerado crescimento econômico, diminuíram o impacto causado pelas medidas de segurança utilizadas pelo governo. Além do que, pela ação de um marketing eficiente e uma censura forte, criou-se um clima de ufanismo em toda a nação, contribuindo, em grande medida, para o fortalecimento da imagem do presidente que angariou boa margem de prestígio, principalmente nas camadas populares.
Foi no governo de Médici e, com menor ênfase no governo do General Ernesto Geisel (1974-1979), que os grupos identificados com as guerrilhas urbana e rural foram sendo progressivamente eliminados. A repressão desencadeada na época atingiu centenas, talvez milhares de pessoas envolvidas com a luta armada.
No Brasil os números da ditadura não são exatos. Depois de vinte anos do fim do governo militar, os acessos aos arquivos secretos ainda são proibidos. Os organismos de segurança, como o SNI ainda mantém seus arquivos fechados. Os únicos disponíveis para pesquisa, somente em alguns Estados brasileiros, são os arquivos do DOPS e os arquivos do projeto Brasil Nunca Mais (BNM).
Aliás, essa é uma dívida que o Estado brasileiro tem com os seus cidadãos. Abrir e tornar público todos os arquivos da repressão da ditadura militar. A sociedade brasileira estabeleceu uma memória densamente acrítica com relação à ditadura: exemplo disso foi a anistia unilateral, tanto para os presos e torturados como para os torturadores (mas isso é um tema vencido no Brasil). O que mais deixa indignado a comunidade de pesquisadores e os familiares das vítimas é que tanto o governo FHC, como o atual governo Lula não resolveram essa questão dos arquivos. Pelo contrário, FHC fez publicar e Lula confirmar um decreto colocando mais dificuldades de acesso aos documentos chamados sigilosos e confidenciais do período em tela.
Para finalizar, é importante frisar que a memória desse período, de extrema repressão, onde as Forças Armadas tiveram a sua auto-imagem de defensora da pátria abalada, é ainda incômoda e imprecisa. É incômoda porque as novas descobertas sobre o período (depoimentos de ex-militares, trabalhos das comissões de direitos humanos, das comissões de familiares, dos grupos Tortura Nunca Mais, além de descobertas de arquivos, como o “arquivo do terror”, no Paraguai) desvenda com mais nitidez o terror que se abateu sobre os dissidentes do regime.
Isso faz com que, tanto a direita, como as classes dominantes, procurem se imiscuir dessa herança, através de discursos sobre a excepcionalidade do período e dos atos praticados. Elas estão imbuídas de apagar o passado e promover o esquecimento como a melhor forma da recuperação da harmonia nacional. Apagar da memória os crimes cometidos pelas ditaduras é apagar da memória as lutas desenvolvidas contra elas. Apagar da memória esse passado traumático, indesejado, é querer impedir que a sociedade conheça o arbítrio e a violência política instaurada pelas ditaduras. Em contrapartida, os grupos de esquerda, os familiares e os ativistas de direitos humanos tem desenvolvido uma importante ação no sentido de construir uma memória que se contraponha à memória oficial.
Assinar:
Postagens (Atom)