quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Maria Quitéria - Uma mulher-soldado (1792-1853)

Maria Quitéria de Jesus , patriota brasileira nascida no sítio do Licorizeiro, no arraial de São José de Itapororocas - BA, em 27 de Julho de 1792 , se distinguiu nas lutas pela consolidação da independência, inclusive tomando parte em várias batalhas contra os portugueses. E faleceu em Salvador21 de agosto de 1853, onde morreu quase cega em total anonimato. Foi uma militar brasileira, heroína da Guerra da Independência. Considerada a Joana d'Arc brasileira, é a patronesse do Quadro Complementar de Oficias do Exército brasileiro.
A vida das mulheres naquele período : No século XIX, 1808, sem que ocorressem muitas mudanças com a chegada da Família Real, e as inovações culturais feitas por Dom João VI, as quais não provocaram de imediatas alterações sobre a educação feminina, numa dimensão ampla. São criadas algumas “... escolas leigas para as meninas da elite e são contratadas preceptoras de Portugal, da França e, posteriormente, da Alemanha para educá-las em casa.” Para essas moças, pertencentes a grupos sociais privilegiados, os conhecimentos que se procurava transmitir estavam ligados ao ensino da leitura, escrita, doutrina cristã e noções básicas da matemática.
Entretanto, a preocupação maior era o desenvolvimento para as habilidades artísticas nos trabalhos manuais e no envolvimento com a organização da casa e cuidados com o marido, ou seja, a preparação para ser esposa e mãe dedicadas que ouvissem muito, falassem pouco e se, instruíssem o mínimo necessário como ditava um famoso provérbio português: “uma mulher já é bastante instruída quando lê corretamente as suas orações e sabe escrever a receita da goiabada. Mais do que isto seria um perigo para o lar”
Nesta condição nem os documentos da época, inventários e testamentos a mulher poderia assinar, necessitando pedir aos homens que por ela o fizessem “por ser mulher e não saber ler”.
Em que pese à ideologia dominante na época sobre a educação das mulheres e sobre sua postura na família e sociedade, muitas ousaram romper os paradigmas estabelecidos buscando integrar-se em acontecimentos que a História nos mostra, influenciando e tomando parte em diversos momentos, ultrapassando assim do espaço doméstico para o público e vencendo barreiras que tolhiam suas iniciativas.
A exemplo isso, registra-se a atitude corajosa de Maria Quitéria que participou de diversas batalhas, a revelia de seu pai, pela Independência:
“... soldado Medeiros como era conhecida Maria Quitéria sobressaiu-se bravamente na defesa da foz do Paraguassu. Dirigindo um grupo de heróicas mulheres baianas, impediu o desembarque das tropas portuguesas. Ao ser condecorada pelo Imperador, com a Insígnia dos Cavalheiros da Imperial Ordem do Cruzeiro, faz a seguinte solicitação: ‘já cumpri o meu dever como brasileira agora peco ao meu Imperador uma graça: uma ordem para que meu pai me perdoe a desobediência por ter trocado a minha casa pelo campo de luta’. Esta solicitação de Maria Quitéria vem enfatizar a sujeição, a dependência em que vivia a mulher brasileira. Depois de enfrentar corajosamente lutas difíceis para emancipar sua pátria, temia enfrentar seu pai.”
Sua entrada para o exército : Em 1822 o Exército brasileiro realizou campanhas para o alistamento de soldados para lutar pela consolidação da independência, frente à resistência dos portugueses na Bahia. Maria Quitéria pediu ao seu pai para se alistar, mas não obteve permissão. Fugiu, então, para casa de sua irmã Tereza e de seu cunhado, José Cordeiro de Medeiros e vestida com roupas de homem e com os cabelos cortados, alistou-se como soldado Medeiros.Passou a integrar o Batalhão dos Voluntários do Príncipe, também chamado de Batalhão dos Periquitos, por causa da gola e dos punhos verdes do uniforme. Duas semanas depois Quitéria foi descoberta por seu pai, mas impedida de deixar o exército pelo major Silva e Castro, que lhe reconheceu grandes qualidades militares.
Principais batalhas : Em 29 de outubro de 1822 ela lutou na defesa da Ilha de Maré, e depois dirigiu-se a Itapoã. Em fevereiro de 1823, participou com ímpeto inúmeros combates, atacando inimigos entrincheirados na Pituba, capturando-os e levando-os preso para o acampamento da sua tropa. Maria Quitéria lutou também pela defesa da foz do Paraguaçu comandando um grupo de mulheres guerreiras. Com água na altura dos seios, avançou contra uma nau portuguesa, impedido o desembarque de reforços às tropas inimigas. Depois de violentos combates, finalmente, a dois de julho de 1823, as tropas brasileiras marcharam vitoriosas pelas ruas de Salvador, com Maria Quitéria entre elas. Em reconhecimento por sua bravura, Maria Quitéria foi recebida no dia 20 de agosto daquele ano pelo Imperador, que a condecorou, com o seguinte pronunciamento: "Querendo conceder a D. Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro." Além de receber a comenda, ela foi promovida a Alferes de Linha. Consolidada a independência do Brasil.
Principais Ideais : Envolvida no ideal de liberdade que movia seus conterrâneos e atendendo aos pedidos da Junta Conciliadora de Defesa que convocou, pelo baixo efetivo, os habitantes da região para combater os portugueses, Maria Quitéria tomou a decisão de abandonar sua família. Depois de fugir de casa, e tendo em vista que mulheres não eram aceitas em diversas atividades, inclusive nas juntas militares, teve a idéia de se travestir de homem com um uniforme emprestado do cunhado.
Sua morte foi esquecida e somente após meio século sua imagem passou a ser valorizada : Devido ao ano do centenário de sua morte, o então Ministro que em todos os estabelecimentos, repartições e unidades do Exército fosse inaugurado, em 21 de agosto de 1953, o retrato da insigne patriota. Já em 28 de junho de 1996, Maria Quitéria de Jesus, por decreto do Presidente da República, passou a ser reconhecida como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.

 


Um comentário:

  1. NÃO SABIA DISTO, COMO SOMOS POBRES EM HISTÓRIA E TANTA COISA A SER ESTUDADA E DESCOBERTA!

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